Uma notícia me chamou a atenção esta semana. Um preso nos EUA foi proibido de jogar D&D em um presídio no Wisconsin. O motivo? Incentivo a "hostilidade competitiva, violência, comportamento escapista e, possivelmente, jogos de azar" (????).
Quem quiser pode ler sobre o caso aqui ou em alguns blogs nacionais como este.
Interessante! No site do presídio consta que a instituição prima por ser um ambiente construtivo, que estimule um amadurecimento "positivo" e que permita que aqueles que cumpram sua pena sejam reintegrados a sociedade, aumentando suas chances de sucesso.
Hmmmm...
Ou seja, segundo a administração do presídio, o RPG não encaixa nos propósitos da instituição, podendo ser prejudicial na recuperação de seus internos.
Bem, na própria decisão judicial consta que a punição de privar seus detentos de praticarem qualquer passatempo é uma prerrogativa do sistema penitenciário.
Antes que qualquer um diga que estou defendendo um assassino, eu só estou questionando os aspectos da questão. Pois, na mesma prisão que proibe o RPG eles promovem atividades de música (o presídio fornece alguns instrumentos), cerâmica, bijouteria, pintura, desenho, basquete, vôlei, handball, tênis de mesa e levantamento de peso, além de... jogos de tabuleiro. Sim, o presídio tem um estoque de jogos de tabuleiro para uso dos internos. E isso consta no relatório anual da entidade... mas RPG não pode!
Não é interessante que o presídio E o sistema judicial considerem a prática do RPG prejudicial a recuperação de criminosos mas permita toda uma enorme gama de outras atividades recreativas?
Dá pra acreditar nisso? Nem em sua terra natal o povo entende o RPG...
5 comentários:
Hehehe, cada uma...
"hostilidade competitiva" é muito boa, não consigo imaginar nenhum jogo menos competitivo que RPG.
"Comportamento escapista" até vai...
Agora talvez até seja uma boa mesmo. Imagina se a moda pega? Se os detentos curtem? A última coisa que precisamos é dos "cruzados anti-RPG" por aí a fora dizendo:
"RPG - o jogo mais popular entre os criminosos dos EUA"
Hehehe
Se algum projeto bem embasado nos aspectos lúdicos, de educação, psicológicos e cooperativos existisse, poderia mostrar que o RPG na verdade seria uma boa ferramenta para conter o estresse dentro das cadeias e que afeta quem está do lado de fora, já que a maioria dos condenados pode sair, de acordo com as leis.
Gilson
Salve!
Demorei para responder, né? Desculpem.
Putz, só faltava do único lugar onde o RPG fosse popular justo ser entyre criminosos...
Gilson, um detalhe que poucos sabem: Um tempo atrás a Ludus recebeu uma proposta de atividade de um psocólogo para promover jogos de RPG dentro da Febem (fundação estadual do bem estar do menor), mas por alguns motivos operacionais não pudemos realizar o projeto. Se tivessemos conseguido, quais seriam as consequências?
abçs e obrigado por aparecerem
Bem, sabemos que além de lúdico, os jogos de RPG fornecem experiências ampliadas em leitura, escrita e pesquisa (desdobrei 'leitura' em minha pesquisa atual no mestrado), apesar que de vez em quando me deparo com abominações literárias de alguns narradores (...).
Sendo uma experiência bastante particular, poderia dar resultados ótimos, neutros ou até mesmo desastrosos, apenas executando-a para saber. Como muito (muito mesmo) raramente pesquisador é imparcial, minha parcialidade por ser jogador de RPG é que poderia ser algo bem sucedido e com possibilidades positivas de retorno, mas para confirmar isso, apenas pondo em prática.
Abraços!
Gilson
Muito interessante... Bom, primeiramente, era importante saber do contexto, dos detalhes, tipo como os detentos estavam jogando D$D, como chegou a proposta até eles, se algum deles já conhecia etc. Às vezes as notícias já chegam formatadas, omitindo-se detalhes relevantes para se entender os fatos.
Suspeito que alguém da direção do presídio deve ter tido alguma "assessoria" sugerindo que se retirasse um jogo de combates, lutas etc. É curioso observar, em nossa pesquisa de mestrado, os maiores níveis de emoções negativas (raiva, tristeza etc.) apareceram bem mais em jogadores de MMORPG do que no RPG de mesa (D&D). O trabalho também mostrou que jogar D&D parece estar relacionado a imergir numa narrativa fantástica, imergir numa realidade fictícia que permite a realização de coisas que não se pode fazer na vida real. Imagino que isso deva ser algo saudável num contexto prisional, onde as pessoas não têm qualquer perspectiva de realização do que quer que seja.
Uma pena a medida tomada no presídio, ao menos à primeira vista, e com base nos elementos trazidos na notícia.
Valeu Jaime, valeu pessoal!
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