terça-feira, 15 de junho de 2010

Last Stand - To die in a blaze of glory!!


E para quem chegar aqui de paraquedas, não, não vou falar de nenhuma música do Bon Jovi...


No último sábado estavamos jogando D&D e um dos personagens contraiu uma doença fatal. Como wizard do grupo (e treinado na perícia heal) decidi fazer um ritual para curá-lo. Segundo as regras, eu só tinha que tirar 3 ou mais no d20. Então, é só jogar o dado e...

1!

1!!

1!!! CARAMBA!!!

Eu: E aí, o que acontece?
Mestre: Bom, ela (a personagem) morreu.

Vamos ignorar a questão da decisão e analisar o fato. Isso não é culpa exclusiva do D&D, e sim de vários sistemas e MESTRES que temos por aí. Então, o jogador faz um personagem, joga com ele, investe tempo e dedicação, e então, por causa de uma fatalidade dos dados, morre de uma forma tão decepcionante?

OK, a morte faz parte do jogo, eu sei e aprovo, mas não a morte vulgar! Qual é a graça em QUALQUER sistema em que o cara morre por acidente batendo a cabeça na banheira? Ou morrendo eletrocutado por uma instalação mal-feita? Ou por ter pego pneumonia? Sim, Henrique V morreu de desinteria, mas com uma vida como a dele, tenho certeza que preferiria ter ido de outra forma.

Uma das coisas mais complicadas de colocar na cabeça de jogadores quando estou mestrando Legends of Five Rings é que para o bushi (guerreiro) o mais importante não é sobreviver a todas as batalhas, e sim como morrer de forma gloriosa. E isso não é característica única do cenário oriental. Nas histórias de western os pistoleiros almejavam "morrer com suas botas", ou seja, não morrer na cama e sim ao som de um tiroteio.

O termo Last Stand é muito comum em língua inglesa e em geral é empregado em situações em que não há mais como fugir e (talvez) não haja mais esperanças de vitória. Há vários exemplos tanto no cinema como na literatura e mesmo na vida real, como a famosa Custer's Last Stand do general Custer ou a resistência de Antonio Conselheiro em Canudos, sem citar os famosos 300 de Esparta.

No Youtube há algumas coletâneas de cenas de Last
Stands
de filmes muito interessantes e que podem gerar ótimas idéias para narradores. Eu particularmente gosto muito da Battle of the Line, de Babylon 5, a morte de Boromir em Lord of the Rings(mas faltou a Batalha de Helm's Deep) e eu ainda citaria a destruição da Pegasus em Battlestar Galactica e da Enterprise de George Kirk em Star Trek.

A melhor das coletaneas
Outra bem interessante

E para aqueles que não acham graça de morrer em histórias de RPG, eu pergunto, qual a graça de vencer um inimigo inferior? A verdadeira bravura do herói esta em combater o adversário que não pode ser batido, mas que não vai passar enquanto você estiver de pé.

Então, se a morte é inevitável, por que não fazê-la algo inesquecível? Que tal segur o adversário muito superior mas permitindo que os inocentes fujam? Sacrificar sua própria vida para que seus aliados possam conseguir a derradeira vantagem para a derrota do grande vilão? Ou simplesmente salvar a vida do maior herói de seu mundo com o seu último alento? Transformar sua morte numa inspiração para os companheiros que sustentarem a bandeira na grande batalha? Uma boa campanha de RPG deve ser feita com histórias memoráveis e personagens inesquecíveis

Então, na próxima aventura, quando as hordas dos inimigos estiverem rugindo nos portões e a terra tremer por sua marcha,




E o grande inimigo mostrar sua odiosa face e ameaçar a segurança de todo o mundo, ciente de todo o seu poder e levantar seu braço para desferir um golpe mortal,

E seus amigos, companheiros, familiares ou mesmo os indefesos e desconhecidos inocentes estiverem fugindo para salvar suas vidas e preservar o legado de seu povo,


E sentir o gosto de seu próprio sangue na boca enquanto ouve aquela voz em sua cabeça dizendo "esta é a última batalha",

Trinque os dentes, brade o seu último desafio ao inimigo e atire-se a batalha sabendo que não haverá amanhã.

No retreat, no surrender!


I ain't gonna live forever... and you?

9 comentários:

Leandro R. Fernandes disse...

Como a personagem adquiriu a tal doença mortal?

Jaime Daniel disse...

Ele não procurou armadilhas, e achou o que não devia... XD

Daniel disse...

Lembra de um filme de Dom quixote antigo, cantarolado e tudo. "Lutar contra o Impossível, Lutar a luta justa"...

Leonardo "Bluesmith" Marengoni disse...

Mas vale lembrar que no D&D a morte não é exatamente uma coisa definitiva (mas ainda assim, morrer de doença é dose)

Dan Ramos disse...

Muito bom esse post, Jaime. Realmente o risco deve ser real, mas morrer sem nenhum propósito é fuêda. Se é pra mostrar que o mundo é cruel e se morre por acaso, mate NPCs ué! Até escrevi um artigo falando isso, perdido lá no Paraga =P

Sinto falta de last stand nas minhas campanhas. No passado tínhamos essas coisas, que são muito emocionantes, mas parece que meus jogadores ficaram muito mal acostumados! hehehe

Jaime Daniel disse...

Fala Leo!

nem em Deadlands... aliás, sei de gente que fica doidinha pra morrer nesse jogo...

Jaime Daniel disse...

Salve Dan!

cara, ei já vivenciei umas duas ou tr~es vezes este ano situações assim... tenso!
E para de me elogiar, ou vou acabar me entusiasmando e escrevendo sem parar, huahuahauhauhau!

Silvio Martins disse...

eu acho que nnao tem nada de mais o personagem morrer, muitos personagens da nossa história, heróise pessoas comum morrem de maneira trágica, de maneir estúpida e de maneira gloriosa. Não bejo o porque no RPG tem que ser diferente, e olha que nele estamos falando de heróris e feitos heróicos.

Morreu, bola pra frente, que os outros personagens honrem o companheiro e que se cante canções sobre suas aventuras, agora faz parte da tarefa dos que sobbraram honrar o nome ou quiça até inventar uma morte honrosa, etc.

façam desse "erro" ( entre aspas mesmo) parte da aventura ou uma nova para aqueles que ainda respiram.

meus dois cents

Anônimo disse...

Jaime,

Você tem um certo padrão de rolagens de dados, não?