terça-feira, 11 de novembro de 2008

Primeiras opiniões

Bom, como o RPG me concedeu o prazer de fazer boas amizades e conhecer muita gente boa, algumas pessoas se prontificaram a responder a pergunta que fiz no post anterior.

É importante dizer que não fiz nenhum comentário ou observação a respeito do por que da pergunta, apenas apresentei-a a algumas pessoas como esta abaixo. É realmente muito interessante o ponto de vista de cada um.

Vamos então as opiniões:

Você, como RPGista, considera-se um marginalizados pela sociedade?

"Na verdade se eu sofri não sei dizer, por que nao me importei, mas eu sou um ícone bem diferente pro RPG daqui, sou casado, trabalho,nao fumo, bebo muito pouco, tenho filhos, jogo com meus filhos, entao pelo menos da parte da sociedade que me cerca nunca sofri nenhum tipo de preconceito aberto, mesmo por que apesar dos excessos, de por exemplo jogar de 3 a 5x na semana, a galera, familia, amigos da facul ou do trabalho, veem sempre o lado lúdico que é muito forte em mim, e encaram isso como um hobby." Carlyle "Caco" Santin Sguassabia - Rpg, hobbies, borboletas,filhos e causos


"De forma alguma. Mas também, considero que isso é uma questão que tem mais a ver com a postura do próprio RPGista do que com a entidade amorfa chamada de "sociedade". Se você se coloca como marginalizado, vai ser tratado como tal. Eu prefiro inverter a postura e tratar ativamente qualquer pergunta sobre meu hobby com uma atitude próxima do "como assim, você nunca jogou? [implícito: 'que estranho']".

Pode parecer impossível na prática, mas a verdade é que estamos no século XXI, em tempos extramemente individualistas, de "personalização" de tudo à sua volta, de "ter atitude própria", e no final das contas todo mundo tem seus hobbies "estranhos". Se o interlocutor perceber que ele também pode acabar sendo "marginalizado" por assistir futebol, jogar videogame, ouvir determinada banda, ver aquela série de TV famosa ou que quer que seja, ele não vai te "marginalizar" por conta de apenas mais uma idiossincracia pessoal entre milhões de outras - todas encorajadas por algum tipo de indústria, quando não por propaganda de massa.

Outra coisa importante é demonstrar desde o início que, não importa o que o interlocutor tenha ouvido sobre o RPG, você não tem nada a ver com aquilo. Não sabe, não viu, não entende como possa ter sido dito. Por isso não perco mais tempo com bobagens do tipo conexão do jogo com satanismo, por exemplo, nem mesmo em fóruns especializados. Faça de conta que essa conexão nunca foi feita por ninguém, que nenhum dos casos ridículos na imprensa aconteceu, que o conceito é tão alien pra você quanto bananeiras plantadas em Marte. Não ouse tentar "explicar" - até porque no fundo essas coisas não tem explicação racional. Isso demonstra ao interlocutor de forma muito eloquente que o que ele "ouviu falar" é só boataria besta; até mesmo as pessoas mais "lentas" de raciocínio sabem que a imprensa inventa muita coisa, ou que no disse-me-disse se fala muita bobagem, e se você tenta "explicar" acaba alimentando a fofocagem."
Fabio "Sooner" Macedo - Wodbrasil.scoop


"Quase todas as perguntas que tem "pela sociedade" me incomodam um pouco porque acho o termo vago, quando ela também apresenta alguma forma do verbo marginalizar eu sei que deveria me afastar correndo e gritando "Fujam, salve-se quem puder!", mas como quem pediu foi o Jaime vamos lá.

Se estão me perguntando se eu acho que a sociedade me impede de alguma forma de participar dela por ser jogador de RPG, a resposta é um grande não. Nunca fui impedido de participar de nada por conta de coisas que faço ou deixei de fazer com planilhas e dados nas mãos. Sempre aceitaram meus impostos, não fui barrado nem expulso de nenhum lugar por conta do RPG.

Agora, se a pergunta é se eu acho que a sociedade sabe o que é RPG: a resposta é não também, a sociedade ignoraria completamente o RPG se em algum momento ela pensasse nele. Dependendo da sua interpretação de marginal pode ser que isso se encaixe, mas na minha modesta opinião é algo completamente diferente.

Somos um nicho minúsculo, voamos abaixo do radar. A sociedade não liga se eu jogo RPG ou não. Alguns outros nichos podem ter problemas com o meu lazer, mas isto é problema deles." Alexandre Itiro Karyia - AtsumiRPG

"Como RPGista não sofri ação da sociedade como vítima, só meu pai e o pai da minha namorada não gostaram de ser isto, mas parece que após algum tempo de conversa, já aceitaram. Daniel "Talude" Paes Cuter- RPGNews

"Não me sinto marginalizado, nunca fui lesado profissionalmente ou socialmente por jogar, mas não digo que nunca presenciei ações de preconceito, mas estas surgiram por pessoas que só conheceram o jogo através de midia negativa, por isso desconsidero." Rafael Rocha - Eu Lúdico

"Não." Jonathan "Johnny" Alves Menezes - d3 System


"Jaime, acho que declarar-se RPGista não é a característica que mais impressiona as pessoas. Quando se sabe do que se trata, muitas vezes o jogador é taxado como anti-social, nerd (de forma pejorativa), ou louco. Na verdade, grande parcela da culpa está no próprio RPGista que, por vezes, parece fazer questão que reafirmar o preconceito." Diego "Edu" Fernandes - Homem Nerd

"Sim, os jogadores são sim marginalizados na sociedade em duas formas simultaneas, separadas e incompatíveis (portanto sem mistura).
Uma parte da sociedade entende que o RPG é o "jogo da morte" e, portanto, todo jogador de RPG é um sociopata até que prove o contrário para essas pessoas. A origem disso foram as incontáveis matérias negativas (mal)intencionalmente publicadas em variados tipos de midia.
Outra parte, que acha que sabe o que é RPG, prefere classificar o jogador de RPG como um indivíduo socialmente inepto, chato mesmo, potencialmente inteligente, mas que usa toda sua capacidade mental em interpretar um personagem fictício e deixando de lado todas as demais atividades possíveis." Norson Botrel - Daemon Editora

"Não. Como RPGista, não. De acordo com o dicionário, "marginalizar" é "impedir a integração ou participação de (alguém) em um grupo, no meio social, na vida pública etc". Agora, o fato de eu jogar RPG e gostar do hobby, não me impede de fazer nada, nem de me integrar em qualquer grupo ou meio social.
Nunca fui barrado em qualquer lugar por ser jogador de RPG, nem me trataram mal ou como a um maníaco psicopata ou a um criminoso por conta disso. Nunca perdi um emprego, nem pessoas se afastaram de mim porque sou RPGista.
Quando me perguntavam como era jogar "isso", eu explicava com paciência, calma e clareza. Mostrando que era um jogo, parecido com outros jogos, como xadrez, War, Banco Imobiliário e outros, mas com muitos elementos diferentes.
Um jogo. Por mais que eu adore RPG, conheça de traz para frente todos as utilizações pedagógicas, todos os benefícios que ele pode trazer, os usos práticos dele em várias áreas, sempre tentei mostrar primeiro que era um jogo. Não era um modo de vida, nem uma religião, nem um culto, nem um vício. Nada disso.
Se alguma vez sofri algum tipo de marginalização, não foi especificamente por causa do RPG. Talvez por outros motivos, por usar óculos, por ser magro, por ser nerd, por não gostar desse ou daquele tipo de música ou de roupa ou de filmes. Ou seja, o de sempre." Rogério Saladino - Panini

2 comentários:

Anônimo disse...

De fato existem pessoas que tem preconceito quanto a pessoa jogar RPG. Mas não chega a atrapalhar ou destruir a vida de niguem.
A não ser que voce more em uma cidade completamente evangelica fervorosa, liderada por pastores que queimam livro e usam o RPG como bode espiatório. Como isso não parece existir, você releva a minoria ignorante, preconceituosa.

Anônimo disse...

O maior preconceito que sofri (e vi alguém sofrer) por jogar RPG é ser tachado de infantil. Talvez pelo fato do RPG ser um JOGO, e não ser um jogo aclamado pela maioria (como o futebol) ele passe essa impressão.

Claro que não chega a ser uma marginalização, mas é sempre uma incerteza contar que joga RPG para seu novo chefe (eu pessoalmente nunca tentei), e com certeza não é o melhor chaveco...